O segredo de uma
organização que aprende e faz acontecer
Eugen Pfister
O forte aquecimento da economia nos últimos anos
emitiu um sinal de alerta para a sociedade, governo e organizações sobre a
escassez da mão de obra, agravada pela lentidão e problemas de adequação do
processo de formação profissional no país.
O apagão da mão de obra envolveu funções de alta a baixa qualificação: executivos, gerentes, cientistas, engenheiros, pilotos, pessoal administrativo e técnico, mestres de obra, pedreiros, armadores, auxiliares de padeiro etc.
O “apagão” foi um evento situacional (economia aquecida) cujo mérito foi expor o problema estrutural de baixo desempenho, altos custos e ciclos longos de formação do sistema educacional público, privado e organizacional.
A crise desencadeou uma situação de caça a talentos entre as empresas. Uma estratégia compreensível, porém insustentável a médio e longo prazo, pois ela acirra a guerra, onera a folha de pagamento, inflaciona os salários, encarece produtos e serviços. Atingindo este estágio, todos perdem.
Sem atacar as causas estruturais do baixo desempenho do sistema pedagógico, logo alguém terá a brilhante ideia de pendurar um crachá no pescoço do novo gerente – “em treinamento" – prática comum em estabelecimentos de varejo, e torcer para que os clientes não reclamem da qualidade do atendimento.
Hoje, sociedade e organização estão frente à necessidade de reinventar a capacitação profissional. E foi isso que fez a ASYST International + RHEALEZA, multinacional brasileira focada em serviços de TI. Não contente em manter a cabeça acima do nível da água e respirar, decidiu inovar, acelerando a curva de aprendizagem dos novos gestores. Isso, num cenário externo de escassez profissional e interno de forte pressão, estresse e sobrecarga de trabalho.
Coube-me desenvolver um método que formou, entre 2010 e 2012, 175 gestores, assegurando melhorias imediatas do desempenho dos mesmos no local de trabalho.
A revolução necessária na educação hoje é menos uma questão de prover novos conhecimentos e mais de adotar novos métodos de ensino, aprendizagem e mensuração da eficácia do sistema. Um método que permita fazer mais com menos. Mais aprendizagem e resultados e menos tempo e custos. Qualquer semelhança com os sistemas focados na melhoria da produtividade não é mera coincidência.
Desse esforço nasceu um programa de desenvolvimento de gestores de diferentes níveis, composto por seis módulos de seis horas em que o treinando passa um dia por mês na sala de aula e nos demais se dedica a aplicar os ensinamentos no local de trabalho.
De forma resumida, o método adotado enfatiza:
·
O produto final
(gestores de alto desempenho), sendo o treinamento um meio e não o fim.
·
O comprometimento
organizacional que, no caso da ASYST+RHEALEZA, se materializou pela
participação ativa de três níveis hierárquicos acima dos treinandos:
sócios-diretores/vice-presidentes, diretores e gerentes operacionais na fase de
planejamento e de treinamento em sala de aula.
·
A aprendizagem
como processo estendido da sala de aula (teoria) ao local de trabalho (prática)
em contraposição ao treinamento enquanto atividade isolada do mundo real.
·
Conceitos e
práticas gerenciais enxutas, testadas e eficazes, eliminando modismos e redundâncias que atrapalham a assimilação
e aplicabilidade das teorias.
·
Relevância total
do conteúdo didático em relação às exigências de desempenho, objetivos e
rotinas de trabalho do treinando.
·
Apresentação de
80% dos conceitos e ferramentas gerenciais já no primeiro módulo.
·
O trabalho de
equipe: todos os superiores dos treinandos atuando na sala de aula e no
processo de transferência da aprendizagem e avaliação dos resultados no
trabalho.
·
A
responsabilidade do treinando em relação a sua aprendizagem, aplicando e
aperfeiçoando os ensinamentos no local de trabalho.
E, dadas as condições acima...
·
A mensurabilidade
dos resultados é aferida pelo desempenho do treinando no exercício das
responsabilidades gerenciais.
O sucesso da estratégia adotada nas condições restritivas expostas foi testado, aprovado e institucionalizado como paradigma da empresa na capacitação de gerentes e outros profissionais.
Aprendemos que o treinamento só se transforma em uma ferramenta estratégica e de resultados quando reunimos cinco elementos:
1. Senso de missão (o que devemos fazer para vencer);
2. Objetivos mensuráveis;
3. Um plano de ação;
4. O compromisso do treinando e do superior com a
melhoria do desempenho;
5. Disciplina na execução e aperfeiçoamento contínuo
do plano.
Em síntese: uma organização aprendiz é, ao mesmo
tempo, uma organização que desempenha.
Publicado originalmente no Portal HSM (06/09/2012)