quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

A grande pergunta para o começo do ano

Eugen Pfister

É janeiro. As pessoas estão pensativas com o que querem fazer, melhorar ou mesmo mudar o rumo das suas vidas. Essa é uma das dádivas desse momento: tornamo-nos reflexivos e imbuídos das melhores intenções. O que segue, contudo, nem sempre combina com o planejado.
Infelizmente, é comum que a reflexão individual sobre o que queremos ser ou melhorar se perde na voragem do dia a dia, até que, no ano seguinte, uma nova oportunidade nos leve a filosofar.

Para Peter Drucker essa postura de repensar a vida não era simplesmente uma questão de ano novo ou velho. Aliás, ele gostava de perguntar às pessoas aquilo pelo qual elas queriam ser lembradas durante a sua passagem pela terra. Era uma questão que ele insistentemente fazia para corporações, executivos, profissionais, estudantes e para si mesmo.
Como o próprio Drucker respondeu como gostaria de ser lembrado? Ele disse que queria ser uma pessoa que provocaria uma diferença na vida dos outros. A quantidade de indivíduos não era importante, o que importava era capacitar essas pessoas a se tornarem eficazes naquilo que desejavam de fato ser e pelo que queriam  ser recordadas.

Interessante. Ele não pensou em si, mas em como ser um artífice de vidas e carreiras alheias e assim encontrou um sentido e a forma pela qual queria ser lembrado por todos  que o conheceram ou o leram seus livros. Mesmo uma pequena revolução na sua vida, pode significar uma enorme transformação na vida alheia.

Questões
E você já pensou na questão?A resposta pode ser mais simples do que imaginava.

 

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014


Mandela está morto, longa vida ao Mandela


Eugen  Pfister

Morreu junto com o líder sul-africano Nelson Mandela uma parte do seu legado. Ele, sem dúvida, foi um homem notável, com um sentimento de humanidade fora do comum.
Assumiu o controle de uma nação em conflito e segregada. Conseguiu segurar as pontas entre as facções em pé de guerra, acalmando os ânimos e refreando as correntes radicais do seu próprio partido e dos militantes do apartheid.

Creio que todos nos emocionamos diante das homenagens prestadas ao grande líder. Todas merecidas. A África do Sul perde o maior líder e um dos grandes homens de todos os tempos. Fez uma transição rumo à democracia pacífica, sem grandes incidentes e evitou que a nação mergulhasse nas guerras intermináveis que dilaceram outras nações africanas.
A nação multirracial ou arco-íris se tornou seu grande projeto de poder que foi capaz de conduzi-lo a despeito do seu passado rebelde e o ressentimento da nação de maioria negra contra os brancos. Parecia impossível que um líder  tido como terrorista e que foi preso por 27 anos promovesse essa reconciliação.

Ele tinha uma noção correta de que os brancos estavam lá há três séculos e que muitos sequer conheciam a sua distante pátria, além de conhecerem o funcionamento da burocracia governamental e como manter o país conectado com o restante do mundo, principalmente o primeiro.
A comissão da verdade   que ele criou contou a história do período sem esquecer os crimes do CNA (Congresso Nacional Africano ,partido ao qual pertencia) e dos segregacionistas brancos. Nada que pudesse servir de objeto de vingança foi esquecido.

Escolhendo esse caminho o  Mandela da paz se tornou uma figura política inesquecível e digna das homenagens recebidas. Esse foi o enorme e grandioso feito desse notável líder.
Seu grande feito foi conduzir a  nação  para a paz e não para a guerra. Porém,  aos poucos o CNA se transformou em uma máquina complexa, burocrática e corrupta. Ninguém, no futuro próximo, se elegerá na África do Sul sem pertencer ao seu quadro, e o futuro da nação arco-íris depende dos seus futuros chefes e facções.

Em algum momento a nação terá que libertar-se do poder absoluto do CNA, criando partidos igualmente viáveis e transformando o sonho de Mandela em uma realidade institucional, um legado que ele deixou como estadista, mas não pôde assegurar como  governante.
O problema da África do Sul não é  apenas  a diferença entre brancos e negros mas também entre as etnias negras. Nada destrói uma nação mais depressa que o conflito interno, e essa obra Mandela não pôde concluir.