Já participei de uma série de
acalorados debates acerca do papel de RH. Estes variavam conforme o debatedor: especialista
em administração de pessoal, agente de mudança, parceiro de negócio, consultor
interno. Hoje a moda é o RH estratégico.
O objetivo da celeuma sempre foi
superar a crise de identidade que acompanha a área desde a sua origem. Só que,
especialista, consultor interno, parceiro ou estrategista, não importa, são
conceitos genéricos que não esclarecem qual é o valor agregado de RH para o
negócio. E como se diz por aí, de boas intenções o inferno está cheio.
Agente de mudança? Por que e em
nome de quem? Especialista em administração de pessoal? Quem afinal administra
o pessoal na organização? Consultor interno? Em que especialidade e com qual
propósito? Parceiro nos negócios? Qual é o impacto mensurável de RH nos
resultados organizacionais?
Tudo bem! O conceito RH
estratégico é charmoso e popular. Porém, quais são os benefícios estratégicos
tangíveis e intangíveis para a Organização, acionistas, clientes internos e
externos aportados por RH?
O menor preço a ser pago para
abandonar o reino das fantasias é definir RH enquanto negócio. O maior preço é
realinhar as competências de RH ao novo conceito de negócio. Mudar de
paradigmas é estressante.
Pela lógica, sendo RH uma disciplina
comportamental, deveríamos ser capazes de contribuir para o
aprimoramento da competitividade organizacional, o que significa atrair e reter
talentos, promover práticas gerenciais voltadas a fortalecer o orgulho e a alegria
em relação ao trabalho e, não menos importante, aperfeiçoar sistematicamente a
produtividade humana.
Agindo assim RH assegura que ações
como seleção, avaliação, treinamento, modelos de competências gerenciais,
remuneração, pesquisa de clima, concorram para a realização das metas
organizacionais. Essa missão torna as ações de RH observáveis, tangíveis e
mensuráveis. E, convenhamos, a
mensurabilidade tem sido o calcanhar de Aquiles da Área.
Treinar pessoas é atividade. Aplicar conhecimentos, habilidades e técnicas adquiridas para resolver problemas, aumentar as vendas ou incrementar a produtividade da equipe é agregar valor. Melhor. É o caminho para transformar o fator humano num diferencial competitivo e não em penduricalho retórico para palestras, discursos, artigos e livros.
Os resultados desse esforço se
casam com as iniciativas empreendidas por todos os segmentos da organização na
busca de melhores resultados econômicos e comerciais que perpetuem a
organização, os empregos e transferência dem benefícios para a sociedade.
Afora isso, é bom lembrar que nossos
concorrentes têm acesso aos mesmos treinamentos, palestras motivacionais,
modelos de avaliação 360º, sistemas de administração salarial e mercado de
trabalho que nós temos. Jogar com as armas do concorrente é subir no mesmo
elevador e chegar ao mesmo andar que eles. O escopo da estratégia não é ser
igual aos outros e sim diferente.
Portanto, a tarefa de um RH
estratégico é dificultar a vida da concorrência e facilitar a vida do cliente
interno. Para tanto, é preciso implantar capacidades gerenciais, profissionais,
comportamentais e culturais difíceis de imitar pela concorrência. O resto é
devaneio, retórica ou conversa fiada.
Por Eugen Pfister
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