domingo, 3 de junho de 2012

Carerreia & Coaching

Não há como clonar a carreira e o sucesso
 
Consultores em carreiras costumam desfiar inúmeros conselhos, alguns baseados no bom senso e outros nem tão sensatos assim. Insistem, por exemplo, em coisas como: tenha uma meta, um plano, um curso de ação e determinação que você conquistará o seu lugar ao sol.

Também há quem recomende que sejamos visionários, uma S.A., um Xamã, Samurai ou Monge. No meio do caminho está a turma do pensamento positivo e a dos hábitos das pessoas eficazes.

Em seguida citam nomes de pessoas bem sucedidas que exemplificam os atributos acima mencionados. É sedutor pensar que tudo no Universo depende única e exclusivamente da nossa vontade. É confortante ouvir que devemos ignorar as cascas de banana que a vida espalha à nossa volta. A ideia de ser o herói de si mesmo tem suas vantagens. Ela nos estimula, por exemplo, a agir em nosso benefício e não ficar sentado à beira da estrada esperando por um milagre. A mensagem é clara, desafiadora e atraente: seja você o milagre!

Para que a ideia do invente-se, do faça e aconteça vingue, é preciso negociar com o restante do universo um armistício de paz e cooperação irrestrita. Ou, na impossibilidade de levar a cabo tal diálogo, reze para que a sorte esteja a seu lado 24 horas por dia.

Um pouco de realismo é um santo remédio. Numa empresa, por exemplo, ninguém, (nem o CEO) tem autoridade suficiente para fazer o que bem deseja, mesmo que for para melhorar drasticamente as coisas. Sempre há um acionista ou um superior a quem devemos consultar, convencer, bajular ou conquistar. Sempre há pares e subordinados de cuja boa vontade dependemos para implementar nossas melhores (ou piores) ideias.

O sucesso individual não é obra do acaso e nem de heróis solitários. Sim, somos compositores da obra prima chamada NOSSA VIDA e NOSSA CARREIRA. Agora, para prosperar e seguir em frente precisamos de uma orquestra, de público, de quem venda os ingressos, divulgue o espetáculo, carregue o piano, aplauda, e até de quem critique.

Também precisamos topar com circunstâncias que favoreçam nossos planos e ter a capacidade de reagir e tirar proveito da situação. Quem diria, a química do sucesso pessoal requer tanto a proatividade (agir) como a reatividade (reagir).

Ah! Antes que me esqueça, uma palavra de incentivo para aqueles que, depois de se inteirarem de todos os superpredicados exigidos para ter acesso ao sucesso, sentem que não são príncipes e princesas o suficiente para triunfar na vida: seja você, você mesmo!

Clones de gente famosa serão sempre clones. E depois, quem disse que só triunfamos em função de nossas qualidades e que somos derrubados por nossos defeitos? Defeitos, eventualmente, ajudam. Henry Ford era teimoso; o General Patton era rebelde; Jack Welch era workalchoolic; Woody Allan é um neurótico assumido; São Pedro foi acusado de covarde por ter negado Cristo três vezes e, mesmo assim, foi o primeiro papa Cristão e mártir da fé.

Por difícil que pareça, sermos quem somos é mais fácil que querer ser quem não somos. Tire a cabeça das nuvens e aceite que para vencer na vida e na carreira nem sempre é preciso realizar coisas extraordinárias. Muitas vezes (mais do que suspeita a nossa vã filosofia) só é preciso que façamos o que necessita ser feito tal como ajudar o próximo, tratar com dignidade os clientes, desenvolver a equipe e cuidar de si para não representar um estorvo para o próximo.

Quantas pessoas, na ânsia de salvar a humanidade, se esquecem de conversar com o vizinho, de ajudar os colegas de trabalho ou dedicar algumas horas para os filhos?  Quantas outras, no afã de resolver o problema da fome, se esquecem de ensinar os mais necessitados a pescar?

Então, no lugar do prêmio Nobel de literatura, que propostas, relatórios e memorandos bem feitos? No lugar de um QI elevado, que tal usar os conhecimentos e a experiência para ajudar a organização, colegas, superiores e os clientes a serem bem sucedidos?

O que pouco se comenta, mas que pode ser a verdade escondida no emaranhado de teses e filosofias antagônicas, é que o sucesso está mais na jornada do que na chegada. Então, caros leitores, como já foi a dada a largada, desde já desejo  “uma boa jornada e muito sucesso”.

Por Eugen Pfister


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