Eugen Pfister
Não pertenço a nenhuma igreja em particular,
mas, estive pensando se, alguma vez, houve um padre que falasse condenando ao
pecador e à Igreja. Confesso que não.
Agora, aparece um tom novo, um papa novo menos
preocupado com a ira, a raiva e a condenação ao inferno. Ele centra seu
discurso no fato de que é preciso lutar contra a tendência do egoísmo extremo
do capitalismo. Estabelece uma plataforma para combater esse estado e, acima de tudo, estabelecer um novo padrão civilizatório,
renovando a Igreja Católica nesse engajamento.
As críticas ao sistema econômico mundial, ao
sistema financeiro, à discrepância entre o que dizemos e o que fazemos são
claras. Por isso ele conclama todos e aos políticos em particular a lutar por
maiores oportunidades de emprego, cuidados com a saúde, educação universal e
outros benefícios básicos.
Apesar da falta ira no tom da voz, posso
imaginar várias pessoas com críticas severas em frente a esse “socialismo”
papal. Mas também posso imaginar outras
tantas dando razão às suas advertências. A grande novidade na fala papal é a
consciência de que a censura inclui também a Igreja. Ela parece surda,
portanto, deve abrir os ouvidos à voz dos humildes e conclamar os poderosos a
fazer mais e melhor.
O novo nessa pregação não é apenas culpar a
sociedade pelo estado de coisas ou o indivíduo, mas incluir a Igreja na
história.
Peter Drucker simpatizaria com essa pregação,
principalmente com o lado do comportamento organizacional da Igreja; notadamente quanto ao item sobre “o
que falamos versus ao que fazemos”.
Ele ressaltaria a necessidade da Igreja ter
uma missão claramente definida, além de coerência e insistiria no sentimento de
orgulho de mudar as coisas. Um dos grandes perigos de uma organização é o
espírito de corpo que bloqueia toda e qualquer nova informação à realidade tal
como ela é.
O importante, diria Drucker, é ver a Igreja de
fora para dentro: o que o fiel pensa a
respeito da Igreja, que tipo de
respostas ele requer dela? Ela pode continuar a ignorar o divórcio e assim por
diante. A Igreja precisa estar aberta e em permanente diálogo com a sociedade,
tendo entre seus conselheiros pessoas como executivos católicos e outros leigos dotados de mente
aberta. Francisco está cumprido o papel de Estadista – apontando o caminho. Cabe a clérigos e fiéis apoiarem. Enfim, uma sociedade sem medo dos conflitos e da indiferença dos individualistas. Esse é o dever do verdadeiro estadista: apontar rumos e lutar por eles.
A propósito, como reformar a Igreja às necessidades
dos nossos dias sem desfigurá-la?
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