terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Há algo de novo no reino do Papa Francisco...

Eugen Pfister

Não pertenço a nenhuma igreja em particular, mas, estive pensando se, alguma vez, houve um padre que falasse condenando ao pecador e à Igreja. Confesso que não.
Agora, aparece um tom novo, um papa novo menos preocupado com a ira, a raiva e a condenação ao inferno. Ele centra seu discurso no fato de que é preciso lutar contra a tendência do egoísmo extremo do capitalismo. Estabelece uma plataforma para combater esse  estado e, acima de tudo,  estabelecer um novo padrão civilizatório, renovando a Igreja Católica nesse engajamento.

As críticas ao sistema econômico mundial, ao sistema financeiro, à discrepância entre o que dizemos e o que fazemos são claras. Por isso ele conclama todos e aos políticos em particular a lutar por maiores oportunidades de emprego, cuidados com a saúde, educação universal e outros benefícios básicos.
Apesar da falta ira no tom da voz, posso imaginar várias pessoas com críticas severas em frente a esse “socialismo” papal.  Mas também posso imaginar outras tantas dando razão às suas advertências. A grande novidade na fala papal é a consciência de que a censura inclui também a Igreja. Ela parece surda, portanto, deve abrir os ouvidos à voz dos humildes e conclamar os poderosos a fazer mais e melhor.

O novo nessa pregação não é apenas culpar a sociedade pelo estado de coisas ou o indivíduo, mas incluir a Igreja na história.
Peter Drucker simpatizaria com essa pregação, principalmente com o lado do comportamento organizacional  da Igreja; notadamente quanto ao item sobre “o que falamos versus ao que fazemos”.

Ele ressaltaria a necessidade da Igreja ter uma missão claramente definida, além de coerência e insistiria no sentimento de orgulho de mudar as coisas. Um dos grandes perigos de uma organização é o espírito de corpo que bloqueia toda e qualquer nova informação à realidade tal como ela é.
O importante, diria Drucker, é ver a Igreja de fora para dentro: o que o fiel pensa a  respeito da Igreja, que tipo de respostas ele requer dela? Ela pode continuar a ignorar o divórcio e assim por diante. A Igreja precisa estar aberta e em permanente diálogo com a sociedade, tendo  entre seus conselheiros  pessoas como executivos  católicos e outros leigos dotados de mente aberta.

Francisco está cumprido o papel de Estadista – apontando o caminho. Cabe a clérigos e fiéis apoiarem.  Enfim, uma sociedade sem medo dos conflitos e da indiferença dos individualistas. Esse é o dever do verdadeiro estadista: apontar rumos e lutar por eles.

A propósito, como reformar a Igreja às necessidades dos nossos dias sem desfigurá-la?

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