sábado, 7 de abril de 2012

Cruz credo, vou ter que “CHEFIAR” a equipe?

 Por Eugen Pfister 

 De volta ao passado, isto é, de volta à questão de liderar, gerenciar ou chefiar. Muitos dos que me lêem agora conhecem a minha opinião, porém, vamos lá... 

Lidere (inspire e influencie), gerencie (coordene o trabalho) e chefie (assuma o controle) na hora certa e na situação certa, isto é, quando as circunstâncias exigem uma das três alternativas. 

LIDERE quando se trata de desenvolver uma parceria de corações e mentes para criar um futuro melhor, vencer desafios que parecem intransponíveis. Lidere quando é preciso inspirar a equipe através do (bom) exemplo do líder. Lidere quando a equipe é madura profissional e emocionalmente, e que para caminhar com as próprias pernas só precisa de diretrizes gerais, uma orientação ocasional e um empurrãozinho motivacional aqui e ali. 

GERENCIE quando se trata de planejar, definir prioridades, organizar e administrar as rotinas de trabalho, estabelecer metas e prioridades, alocar recursos, prover feedback, corrigir problemas e aperfeiçoar o desempenho, delegar autoridade e responsabilidade, desenvolver novos talentos, controlar custos e aprimorar a qualidade dos processos e métodos de trabalho.  

CHEFIE quando o moral da “tropa” está baixo e os conflitos em alta.  Chefie quando for preciso disciplinar os indisciplinados, dar um basta aos incompetentes, superar as crises organizacionais que deixam todos atônitos, sem rumo ou prumo.  

Adoraria estar enganado. Porém, basta olhar à nossa volta para constatar os benefícios de assumir o papel de chefe na hora certa. Pense em quantos problemas poderiam ter sido evitados se tivéssemos atacado as causas e não os sintomas. O “dialoguismo”, o democratismo, o bom “mocismo” que nos faz pisar em ovos diante dos subordinados incompetentes ou problemáticos tem um custo emocional, produtivo e econômico que mereceria ser contabilizado.

Aliás, a falta de pulso não causa estragos apenas às organizações. O mesmo quadro de desregramento e ineficiência acontece na escola, na família e na sociedade, e tudo porque faltou o espírito de chefia.

Será que um professor deve pedir “pelo amor de Deus, estudem, façam a lição de casa”? Ou um gerente deve implorar para que um subordinado indisciplinado e contestador seja mais cooperativo?

Nos momentos críticos, dúvidas existenciais ou semânticas sobre se devemos liderar ou gerenciar são supérfluas e contraproducentes. A ordem é ENFRENTAR A CRISE, dar a volta por cima, nem que seja a custo de alguns berros ou pontapés nos nobres traseiros da equipe. 

A despeito das lendas organizacionais, a autoridade é uma instituição fundamental para a vida social organizada. Sem ela o tecido social se esgarçaria, conforme um dito tão a gosto dos sociólogos. 
Sejamos claros. Pais que não traçam limites junto aos filhos contribuem para sua desorientação moral, vocacional e outras condutas reprováveis. Isso sem falar de presidentes, governadores, prefeitos e juízes confusos e intimidados diante de atos arbitrários e ilegais de movimentos ditos sociais que podem tudo e a quem não se cobra nada. 

Gerentes hesitantes que toleram o baixo desempenho dos seus subordinados apenas protelam o desfecho desfavorável e inevitável que é demiti-los antes que contaminem o moral e a produtividade da equipe.

A história mostra com todos os pingos nos “is” que líderes titubeantes, paternalistas ou sem vocação para chefiar quando é preciso, estão associados a grandes fiascos políticos, econômicos, militares e organizacionais.

A história também ensina que, quando contam apenas com a vocação para comandar, eles se tornam chefetes tiranos e, em conseqüência, deixam de ser líderes e gerentes. Portanto, é preciso discernir quando atrair os holofotes sobre si e assumir as rédeas do espetáculo (chefiar), quando compartilhar decisões (gerenciar) e quando incentivar a  equipe a assumir a iniciativa de trabalhar em prol dos objetivos e valores comuns (liderar). 

Existem outros papéis a serem desempenhados, tais como mentor, coach, motivador, parceiro e assim por diante. Porém, novamente, qualquer papel não é bom ou impróprio em si.  Tudo depende das circunstâncias. 

É por isso que lideres e gerentes eficazes, de tempos em tempos, sabem que devem advertir, disciplinar, arbitrar, decidir, repreender e demitir, mesmo quando essas decisões contrariam desejos, opiniões e interesses de amigos, colegas de trabalho e as nossas inclinações pessoais.

Curiosamente, este aspecto do papel gerencial é escondido no porão. Não figura entre os temas prediletos das palestras, seminários e literatura gerencial. Porém, incomodo ou indigesto, é parte do show, e o show, como dizem, deve continuar.

Um comentário:

  1. Olá Eugen!

    Gostei muito do seu posicionamento em relação a Liderança. A crise em relação a autoridade é um assunto que muito me interessa, e que também anseio em breve desenvolver. O termo “bom mocismo” (adore!), como vc bem definiu, pode gerar uma estranheza, uma sensação de insegurança, que entre outras coisas, pode ser desastrosa para uma equipe.

    Obrigada por compartilhar seus conhecimentos,

    Abraços,

    Rose Cunha

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