domingo, 15 de abril de 2012


Saber é poder?

Por Eugen Pfister

Se o saber, no sentido autêntico do termo, fosse, em si, poder, Sócrates não teria sido obrigado a tomar cicuta, nem Galileu abjuraria da teoria heliocêntrica diante do Tribunal da Santa Inquisição.

Por outro lado, há mentiras deslavadas ou crenças sem pé nem cabeça que são aceitas sem constrangimento e influenciam a nossa conduta. Por exemplo, não misturar leite com manga, cruzar com gato preto na rua às sextas-feiras, passar por baixo de escada, quebrar um espelho, apontar uma estrela com o dedo.  Essas e outras coisas supostamente dão azar ou causam verrugas. 

Crendices são poderosas, passam de pai para filho, todos repetem e poucos questionam.

Agora, nem pense que estão restritas ao folclore popular. Nada disso; elas circulam livremente nas organizações em que trabalhamos. Pior, são levadas a sério, afetam nossa percepção da realidade e, de quebra, a eficácia pessoal.

Refiro-me a histórias como saber é poder, o cliente sempre tem razão, manda quem pode e obedece quem tem juízo etc. Esses e outros ditos, além de populares, são enunciados com ar de sapiência e de verdade universais.

Para o bem ou para o mal, intencionalmente ou não, eles enquadram o nosso comportamento. 

PODER é a capacidade de FAZER ACONTECER; é CAUSAR impacto nos outros e no ambiente em que atuamos. É influenciar o comportamento dos outros, mas também é a capacidade de NÃO SER INFLUENCIADO, mesmo pelo chefe, sem motivos racionais e consentidos para tanto.

Pior do que ser governado (ou gerenciado) por um déspota esclarecido é ser governado por um idiota não reconhecido, o que em muitos casos ocorre com a colaboração da nossa própria ignorância.

Dado a natureza potencialmente coativa do exercício do poder, desejamos que ele seja exercido de forma comedida, inteligente e ética. O que requer líderes e liderados com mentes esclarecidas ou no mínimo abertos a questionar supostas verdades.

Para isso é preciso assumir plena responsabilidade pelas consequências das nossas escolhas como líder e, na condição de subordinado, ponderar antes de aceitar diretrizes ou ordens vindas de cima.

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