terça-feira, 24 de abril de 2012

BABYSITTER MANAGEMENT OU QUEM CHORA MAMA

Liderança e motivação

Por Eugen Pfister

 

Manuais sobre liderança de pessoas costumam apresentar um rol de exigências que julgam caracterizar o gerente eficaz. O gerente até pode cobrar maior empenho do subordinado, criticá-lo ou, no pior dos casos, demiti-lo.

Porém, acima de tudo, ele deve ser compreensivo, tolerante, flexível, resiliente, sorridente, entender as necessidades dos funcionários, motivá-los e tratar cada empregado de acordo com as características pessoais de cada um. A lista também inclui tapinhas nas costas, festinhas de aniversários e outras amenidades sociais e afetivas.

Uma análise crítica dessas exigências sugere que nossos superiores são, por definição, maduros, equilibrados, sensatos, onipresentes e onipotentes, enquanto os pobres subordinados são imaturos, inseguros, dependentes e motivacionalmente volúveis.

Um problema nessa equação é que mais de 80% de toda população economicamente ativa é constituída de subordinados. Se o chefe deve motivar o subordinado, quem deve motivá-lo? Quem motiva o chefe do chefe e quem motiva o CEO?

Por que recíproca não é verdadeira? Isso é, subordinados motivando o chefe, mantendo-o informado, entendendo as dificuldades que ele enfrenta e tolerando seus cacoetes e excentricidades?

E, depois, é lógico como alguém que precisa ser motivado pode liderar outras pessoas a enfrentar as turbulências organizacionais? Quer dizer, é possível motivar outra pessoa já que toda motivação é um ato de automotivação?

O terrível nessa história é que os humanistas organizacionais infantilizam as relações interpessoais. Esse é o preço por não tratar adultos como adultos, sejam líderes ou liderados e, agindo assim, trocam o autoritarismo escancarado pelo autoritarismo disfarçado.

É neste clima psicológico e cultural, em que os chefes supostamente estão próximos à perfeição e os subordinados, coitadinhos, engatinham, que emerge a figura do gerente babysitter.

Na realidade, a isonomia na relação chefe e subordinado devia ser o padrão já que ambos na condição de adultos são responsáveis por seus atos e devem cooperar em prol de objetivos comuns. Nenhum deles está lá para fazer o que deseja ou o que bem entende e sim para fazer o que precisa ser feito de modo que a organização evolua nos resultados.

O gerente coach? Tudo bem! Mas e o subordinado coach do gerente?  Afinal, numa economia baseada no conhecimento como a nossa, é normal que os subordinados conheçam mais acerca do trabalho que executam que seus superiores.

Mas como o mundo é interdependente, chefes dependem dos subordinados da mesma forma que estes dependem deles. Sendo assim, o gerente trabalha com os subordinados e não para os subordinados; da mesma forma que estes trabalham com o gerente e não para o gerente. E os dois trabalham para satisfazer as necessidades dos clientes que é, no final, quem paga as contas, os salários, benefícios e investimentos.


Qual é a missão do gerente: proteger o subordinado ou multiplicar a capacidade de desempenho deles?

 

 

2 comentários:

  1. Eugen,
    ótimo texto!!
    Realmente quem é lider tem que fazer um trabalho muito forte de automotivação!!
    Acho que falta, nos profissionais de hoje, o senso de responsabilidade e de comprometimento mais forte. Quando se tem um grande comprometimento com o que se faz, com a empresa e com a equipe, a tendência é que aja essa troca entre lideres e subordinados, onde um motiva o outro para alcançarem o objetivo comum.
    Grande abç!

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  2. Andréia,
    Um gerente eficaz deve desenvolver a competência e a habilidade da equipe autogerenciar-se. É como educar filhos para viver no mundo e não na barra da saia e das calças dos pais.

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