Por Eugen Pfister
Manuais sobre liderança de
pessoas costumam apresentar um rol de exigências que julgam caracterizar o
gerente eficaz. O gerente até pode cobrar maior empenho do subordinado,
criticá-lo ou, no pior dos casos, demiti-lo.
Porém, acima de tudo, ele
deve ser compreensivo, tolerante, flexível, resiliente, sorridente, entender as
necessidades dos funcionários, motivá-los e tratar cada empregado de acordo com
as características pessoais de cada um. A lista também inclui tapinhas nas
costas, festinhas de aniversários e outras amenidades sociais e afetivas.
Uma análise crítica dessas
exigências sugere que nossos superiores são, por definição, maduros,
equilibrados, sensatos, onipresentes e onipotentes, enquanto os pobres
subordinados são imaturos, inseguros, dependentes e motivacionalmente volúveis.
Um problema nessa equação é
que mais de 80% de toda população economicamente ativa é constituída de
subordinados. Se o chefe deve motivar o subordinado, quem deve motivá-lo? Quem
motiva o chefe do chefe e quem motiva o CEO?
Por que recíproca não é verdadeira? Isso é,
subordinados motivando o chefe, mantendo-o informado, entendendo as
dificuldades que ele enfrenta e tolerando seus cacoetes e excentricidades?
E, depois, é lógico como alguém
que precisa ser motivado pode liderar outras pessoas a enfrentar as
turbulências organizacionais? Quer dizer, é possível motivar outra pessoa já
que toda motivação é um ato de automotivação?
O terrível nessa história é
que os humanistas organizacionais infantilizam as relações interpessoais. Esse
é o preço por não tratar adultos como adultos, sejam líderes ou liderados e,
agindo assim, trocam o autoritarismo escancarado pelo autoritarismo disfarçado.
É neste clima psicológico e
cultural, em que os chefes supostamente estão próximos à perfeição e os
subordinados, coitadinhos, engatinham, que emerge a figura do gerente babysitter.
Na
realidade, a isonomia na relação chefe e subordinado devia ser o padrão já que
ambos na condição de adultos são responsáveis por seus atos e devem cooperar em
prol de objetivos comuns. Nenhum deles está lá para fazer o que deseja ou o que bem entende e sim para fazer o que precisa ser
feito de modo que a organização evolua nos resultados.
O
gerente coach? Tudo bem! Mas e o
subordinado coach do gerente? Afinal,
numa economia baseada no conhecimento como a nossa, é normal que os
subordinados conheçam mais acerca do trabalho que executam que seus superiores.
Mas
como o mundo é interdependente, chefes dependem dos subordinados da mesma forma
que estes dependem deles. Sendo assim, o gerente trabalha com os subordinados e
não para os subordinados; da mesma forma que estes trabalham com o gerente e
não para o gerente. E os dois trabalham para satisfazer as necessidades dos
clientes que é, no final, quem paga as contas, os salários, benefícios e
investimentos.
Qual é a missão do gerente: proteger o subordinado ou multiplicar a capacidade de desempenho deles?
Eugen,
ResponderExcluirótimo texto!!
Realmente quem é lider tem que fazer um trabalho muito forte de automotivação!!
Acho que falta, nos profissionais de hoje, o senso de responsabilidade e de comprometimento mais forte. Quando se tem um grande comprometimento com o que se faz, com a empresa e com a equipe, a tendência é que aja essa troca entre lideres e subordinados, onde um motiva o outro para alcançarem o objetivo comum.
Grande abç!
Andréia,
ResponderExcluirUm gerente eficaz deve desenvolver a competência e a habilidade da equipe autogerenciar-se. É como educar filhos para viver no mundo e não na barra da saia e das calças dos pais.