sexta-feira, 7 de junho de 2013


A ignorância como vantagem competitiva.
Eugen Pfister

 
Não pertencer à organização pode ser uma grande vantagem para o consultor. Ele se sente livre para fazer perguntas que o pessoal da casa não faz, pois estes enxergam os problemas na ótica das rotinas, do conhecimento desenvolvido no passado  e aplicado  no presente com se nada tivesse mudado.

William A. Cohen* conta um episódio esclarecedor extraído de uma aula de Peter Drucker. Na aula Peter afirma que nunca fazia perguntas baseado no conhecimento específico da empresa e do setor e que levava consigo apenas a sua ignorância. Em sua opinião a tabula rasa era a ferramenta mais importante para ajudar o cliente a resolver problemas.
Afora a surpresa dos alunos, convenhamos que exaltar o valor da ignorância para abrir a mente ao mundo das soluções era, sem dúvida, uma ideia estranha, mas que merecia ser explorada.
Usando o estilo pedagógico habitual de Drucker, ele conta uma série de histórias para concluir que as pessoas não envolvidas com o dia a dia da empresa, às vezes, tinham uma vantagem competitiva importante.

A GE, por exemplo, era uma organização com inúmeros e variados negócios em distintas partes do globo, por isso,  um negócio confuso com empresas muito rentáveis e outras no vermelho. Num encontro de trabalho com Jack Welch,  Peter pergunta: “Se você não estivesse nesse negócio, entraria nele? O que você faria a respeito?”

A resposta de Welch foi: “Simples, não é? Mas suas perguntas são  incrivelmente vigorosas. Essas duas perguntas fizeram com que Welch concluísse que se uma empresa não fosse o número um ou dois naquele negócio não valia a pena mantê-la.

Isso posto, era hora de vender e sair do mercado. Um plano de reestruturação foi elaborado para que a GE só focasse os negócios e empresas líderes. Foi uma diretriz estratégica simples, fácil de ser entendida por todos na companhia.

O que aconteceu já é história: uma notável concentração de recursos realmente lucrativos trouxe ganhos sem precedentes na história da GE. E tudo teve início com as duas perguntas despretensiosas de um forasteiro.
 

* Uma Aula com Drucker: as lições do maior mestre de administração, Rio de Janeiro, Elsevier, 2008, capítulo VI.

 

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