Eugen Pfister
Todo governo tem por regra
apresentar um plano, geralmente robusto, de ações específicas para cada setor
da economia e da sociedade. Política industrial, saúde, educação, infraestrutura, social e assim por diante. O
governo parece suficientemente grande para abraçar todo o aparato do Estado. No
sentido literal do termo sim, ele é grande, porém, não é forte e inteligente o
suficiente para cumprir com o que prometeu.
O governo dispõe de um orçamento
fantástico, porém gasta mal, prioriza mal e dissipa os gastos em múltiplas
direções anulando as melhores intenções e esforços. Essa compulsão pelo fazer,
pelo agir, é um vício que consome governos e planos, deixando tudo e todos
aquém do prometido.
Agora, se o governo começasse com
as coisas que não realizará e focasse no que é a sua tarefa e depois se
limitasse a regular o que os outros farão, tenho certeza que os resultados
seriam bem melhores. Definitivamente, falta modéstia às pretensões do sistema
político. Ele deve admitir que há centena de outras instituições e agentes que
são mais competentes que ele em áreas especificas de atuação.
Salvo crises conjunturais, o
governo deve pensar no longo prazo, nas prioridades nacionais e internacionais
e não na operação do dia a dia da mesma. O propósito do governo é, acima de
tudo, tomar as decisões fundamentais e torná-las eficazes. O propósito do
governo é governar e não gerenciar.
A tentativa de conseguir combinar isso com a capacidade operacional de fazer acontecer em grande escala paralisa o governo, destrói sua eficácia e sua força decisória. Os órgãos de governo simplesmente não estão preparados (e nunca estarão) para isso.
Em troca, ele deve criar as
condições gerais para que o mercado, a economia e a iniciativa privada consigam
funcionar a contento, os indivíduos se conectem e possam ser bem sucedidos, pagando
um preço justo para suportar o governo, forte, mas não enorme. Enfim,
o “sim, podemos fazer” deve ser antecedido, do “não posso fazer, sinto muito”.
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