segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Governo: fazer não fazer

Eugen Pfister

 
No artigo Lincoln um Presidente eficaz escrevi que a principal tarefa do governo é concentrar-se na função principal que é exercer a liderança política e não administrar o governo; isso seus ministros e a burocracia farão. 

Todo governo tem por regra apresentar um plano, geralmente robusto, de ações específicas para cada setor da economia e da sociedade. Política industrial, saúde, educação,  infraestrutura, social e assim por diante. O governo parece suficientemente grande para abraçar todo o aparato do Estado. No sentido literal do termo sim, ele é grande, porém, não é forte e inteligente o suficiente para cumprir com o que prometeu. 

O governo dispõe de um orçamento fantástico, porém gasta mal, prioriza mal e dissipa os gastos em múltiplas direções anulando as melhores intenções e esforços. Essa compulsão pelo fazer, pelo agir, é um vício que consome governos e planos, deixando tudo e todos aquém do prometido.
Agora, se o governo começasse com as coisas que não realizará e focasse no que é a sua tarefa e depois se limitasse a regular o que os outros farão, tenho certeza que os resultados seriam bem melhores. Definitivamente, falta modéstia às pretensões do sistema político. Ele deve admitir que há centena de outras instituições e agentes que são mais competentes que ele em áreas especificas de atuação. 

Salvo crises conjunturais, o governo deve pensar no longo prazo, nas prioridades nacionais e internacionais e não na operação do dia a dia da mesma. O propósito do governo é, acima de tudo, tomar as decisões fundamentais e torná-las eficazes. O propósito do governo é governar e não gerenciar.

A tentativa de conseguir combinar isso com a capacidade operacional de fazer acontecer em grande escala paralisa o governo, destrói sua eficácia e sua força decisória. Os órgãos de governo simplesmente não estão preparados (e nunca estarão) para isso.

Em troca, ele deve criar as condições gerais para que o mercado, a economia e a iniciativa privada consigam funcionar a contento, os indivíduos se conectem e possam ser bem sucedidos, pagando um preço justo para suportar o governo, forte, mas não enorme.   Enfim, o “sim, podemos fazer” deve ser antecedido, do “não posso fazer, sinto muito”.

 

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