quarta-feira, 14 de agosto de 2013

O emprego vitalício no Japão

Eugen Pfister

 
O Japão tem usufruído do conceito de emprego vitalício por longo tempo. Ainda que o conceito não se aplicasse literalmente aos fatos, o Japão tinha uma economia mais protegida que os países ocidentais. Durante muitos anos, a aposentadoria se dava aos 55 anos e as empresas, quando sujeitas a uma crise severa, protegiam os cargos mais vulneráveis demitindo os que consideravam mais competitivos e com maiores oportunidades no mercado.
Esse estado de coisas contava pontos no sistema de lealdade do trabalhador para com o empregador e influenciava o modo como a administração tratava a força de trabalho em itens importantes como treinamento, participação nas decisões e soluções de problemas.

Aos poucos, contudo, as coisas mudaram lentamente no sentido de uma maior flexibilidade na contratação e demissão de pessoas. Em 2009, o Partido Democrata do Japão deixou claro que a vitaliciedade tinha que ser discutida. O fato é que, aos poucos, o Japão vem perdendo a capacidade de manter o pilar do pleno emprego intacto. Há um aumento crescente no uso de trabalhadores e equipes temporárias. Trata-se de uma tendência e não de uma conjuntura.
A força de trabalho também descobriu que pode trocar de emprego por outros com  melhores salários e oportunidades de crescimento profissional. Assim, a ponta da demanda e da oferta de mão de obra se une num novo sistema que se parece cada vez mais ao modelo ocidental.

A dúvida, contudo, é se o Japão se renderá completamente à ocidentalização com empregos regulados exclusivamente pelo mercado ou, se ao contrário, haverá um maior senso de responsabilidade da parte das empresas e dos empregados. O que significa que ambas as partes trabalharão em conjunto para realocar a mão de obra para outras funções na empresa ou funções semelhantes no mercado.
Esse movimento seria importante para que o Japão construísse um meio para conservar a estabilidade social e oferecer ao mesmo tempo possibilidades em outras indústrias e setores. É isso que aguardamos descobrir nos próximos anos.

 

 

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