Eugen Pfister
O Japão tem usufruído do conceito
de emprego vitalício por longo tempo. Ainda que o conceito não se aplicasse
literalmente aos fatos, o Japão tinha uma economia mais protegida que os países
ocidentais. Durante muitos anos, a aposentadoria se dava aos 55 anos e as
empresas, quando sujeitas a uma crise severa, protegiam os cargos mais
vulneráveis demitindo os que consideravam mais competitivos e com maiores
oportunidades no mercado.
Esse estado de coisas contava pontos
no sistema de lealdade do trabalhador para com o empregador e influenciava o
modo como a administração tratava a força de trabalho em itens importantes como
treinamento, participação nas decisões e soluções de problemas.
Aos poucos, contudo, as coisas
mudaram lentamente no sentido de uma maior flexibilidade na contratação e
demissão de pessoas. Em 2009, o Partido Democrata do Japão deixou claro que a
vitaliciedade tinha que ser discutida. O fato é que, aos poucos, o Japão vem
perdendo a capacidade de manter o pilar do pleno emprego intacto. Há um aumento
crescente no uso de trabalhadores e equipes temporárias. Trata-se de uma
tendência e não de uma conjuntura.
A força de trabalho também
descobriu que pode trocar de emprego por outros com melhores salários e oportunidades de
crescimento profissional. Assim, a ponta da demanda e da oferta de mão de obra
se une num novo sistema que se parece cada vez mais ao modelo ocidental.
A dúvida, contudo, é se o Japão
se renderá completamente à ocidentalização com empregos regulados
exclusivamente pelo mercado ou, se ao contrário, haverá um maior senso de
responsabilidade da parte das empresas e dos empregados. O que significa que
ambas as partes trabalharão em conjunto para realocar a mão de obra para outras
funções na empresa ou funções semelhantes no mercado.
Esse movimento seria importante
para que o Japão construísse um meio para conservar a estabilidade social e
oferecer ao mesmo tempo possibilidades em outras indústrias e setores. É isso
que aguardamos descobrir nos próximos anos.
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