Eugen Pfister
No meio das negociações para uma joint venture da GM com a Toyota, os
executivos americanos questionaram o conceito dos operários pararem a fábrica
quando constatada a iminência de um problema na linha de montagem que comprometesse
a produção.
Uma decisão dessa natureza, com
todas as implicações que acarreta, é vista como uma prerrogativa da alta
administração nas empresas ocidentais. Mas não na Toyota. A resposta foi que a
intenção não era simplesmente dar um direito, mas torná-la uma obrigação e
responsabilidade.
A Toyota compreendeu que o
tamanho e a complexidade organizacional exigia uma nova ordem administrativa. A
empresa não podia simplesmente continuar esperando que os escalões superiores
tomassem todas as decisões, portanto, estava decidida a implementar novas
medidas.
Quando um duto de óleo da empresa
escavadeira contratada pela BP no Golfo do México explodiu em 2010, a discussão
sobre quem decide voltou à tona. Tony Hayward, diretor geral da empresa
britânica, declarou que os trabalhadores tinham autoridade para ordenarem a
parada da perfuração. Ele declarou que vários avisos de alerta foram dados, mas
nenhum deles se transformou em uma ação concreta que impedisse a tragédia. Por
quê?O certo é que foram atos isolados que não encontraram eco nos ouvidos dos escalões superiores. Motivos financeiros, a pressão para economizar tempo e dinheiro, a falta de hábito de escutar os trabalhadores da linha de frente podem ter contribuído para o desastre.
A linguagem financeira é uma
forma importante de expressar-se, porém, não é a única. É preciso uma linguagem
corporativa que contemple, igualmente, os valores morais. É preciso garantir aos trabalhadores poder e
responsabilidade para evitar desastres como o da BP no Golfo do México.
Ou que tal um mecânico de manutenção ter autoridade para tirar de serviços os aviões que não estejam 100% em condições de voo?
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