quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Parem a produção

Eugen Pfister


No meio das negociações para uma joint venture da GM com a Toyota, os executivos americanos questionaram o conceito dos operários pararem a fábrica quando constatada a iminência de um problema na linha de montagem que comprometesse a produção.
Uma decisão dessa natureza, com todas as implicações que acarreta, é vista como uma prerrogativa da alta administração nas empresas ocidentais. Mas não na Toyota. A resposta foi que a intenção não era simplesmente dar um direito, mas torná-la uma obrigação e responsabilidade.

A Toyota compreendeu que o tamanho e a complexidade organizacional exigia uma nova ordem administrativa. A empresa não podia simplesmente continuar esperando que os escalões superiores tomassem todas as decisões, portanto, estava decidida a implementar novas medidas.
Quando um duto de óleo da empresa escavadeira contratada pela BP no Golfo do México explodiu em 2010, a discussão sobre quem decide voltou à tona. Tony Hayward, diretor geral da empresa britânica, declarou que os trabalhadores tinham autoridade para ordenarem a parada da perfuração. Ele declarou que vários avisos de alerta foram dados, mas nenhum deles se transformou em uma ação concreta que impedisse a tragédia. Por quê?

O certo é que foram atos isolados que não encontraram eco nos ouvidos dos escalões superiores. Motivos financeiros, a pressão para economizar tempo e dinheiro, a falta de hábito de escutar os trabalhadores da linha de frente podem ter contribuído para o desastre.

A linguagem financeira é uma forma importante de expressar-se, porém, não é a única. É preciso uma linguagem corporativa que contemple, igualmente, os valores morais.  É preciso garantir aos trabalhadores poder e responsabilidade para evitar desastres como o da BP no Golfo do México. 

 

 

Um comentário:

  1. Ou que tal um mecânico de manutenção ter autoridade para tirar de serviços os aviões que não estejam 100% em condições de voo?

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