Eugen Pfister
Um filme brasileiro, mas ao mesmo tempo universal. De um
lado o sertão, a seca, os vaqueiros, os sitiantes e retirantes. De outro lado a
Cidade Maravilhosa, bares e estúdios de rádio. Contudo, nem todo regionalismo
presente transforma o filme num espetáculo apenas local. Ele tem a complexa linguagem universal dos sentimentos
de amor entre pai e filho; um código que todos entendem.
Gonzaga (Nivaldo Expedito) abandona o filho com os compadres
após a morte prematura de sua mulher Odaléa (Nanda Costa). Está decidido a
seguir seu sonho de amor à música. Dentro dessa viagem há outra, a
transformação de um sanfoneiro, em músico e de músico em cantor, o Rei do
Baião. O momento é simbolizado pelo gesto de, finalmente, vestir-se igual aos
vaqueiros da sua terra. Uma das belas cenas de um belo filme.
Vemos então um Gonzaga bem sucedido, famoso, mas não entregue
à fama e ao dinheiro. Volta sempre à sua
terra e à sua namorada que agora era apenas um coração marcado na árvore do
sítio onde antigamente ela e o pai moraram.
Aquela árvore se transforma no local onde ambos começam a
livrar-se das mágoas e queixas do passado. Ele e Gonzaguinha (Júlio de Andrade)
abandonam a teimosia, os anos de separação e desentendimento e começam a
conversar livres dos papéis familiares.
Gonzaga vive o declínio musical, o filho, ao contrário, é
uma estrela em ascensão e tem o propósito de fazer shows juntos. É o que
acontece próximo da morte de Gonzaga: o Rei do Baião volta ao palco nos braços
do filho.
Enfim, em pouco mais de uma hora e meia temos mais de 40 anos
da trajetória de Gonzaga e do Brasil na tela.
Vale a pena ver e rever. Um deleite para as pessoas de bom gosto. Parabéns
Breno Silveira, atores e equipe!
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