Eugen Pfister
Além de ensinar que é objetivo básico, a principal
preocupação é ajudar os alunos a terem melhor desempenho nas matérias de menor
pontuação. Em outras palavras, ajudá-las nos pontos fracos. Uma considerável
soma de esforços e recursos está mobilizada em torno dessa tarefa. O que fazer
para que os alunos aprendam mais, se interessem pelas matérias? Esse é, o fundo, o verdadeiro objetivo do sistema
escolar.
Agora imaginemos que esse pressuposto esteja errado e no
lugar passaríamos a considerar que todos os alunos são fortes só que em
matérias diferentes. Com certeza teríamos uma reviravolta importante no
conceito, na prática pedagógica e na forma de encarar o aluno.
Essa é a teoria dos pontos fortes. Ela prioriza o que somos
capazes de fazer e relativiza o que não somos capazes. E isso não é objeto de
livre escolha individual. Nascemos com certas aptidões e elas nos caracterizam.
Em contrapartida, temos pontos fracos em que o máximo a ser feito é minimizá-lo
e evitar que causem estragos maiores.
Uma fortaleza nos acompanha pelo resto da vida, da mesma
forma que uma fraqueza. Precisamos gerenciar a situação de forma a tirar
proveito dela no lugar de sofrer. Só que não é isso o que fazemos. Continuamos
insistindo para que todos os alunos tenham o mesmo desempenho. Como não
conseguimos, estimulamos uma série de praticas negativas tais como a cola, os
conselhos de classe, aulas extras, etc.
Uma escola regida pelos pontos fortes faria o contrário. Ela
exigiria uma continua melhoria do desempenho dos alunos nas disciplinas em que
ele mostra talento e competência e exigiría o básico das disciplinas em que ele
não vai bem. Identificadas às áreas daríamos pesos distintos para as forças e
fraquezas.
Entendam: os pontos fracos genuínos são limitações naturais
e não sociais que o indivíduo carrega consigo. Pouco pode ser feito a respeito.
Da mesma forma: os pontos fortes são capacidades potenciais naturais da pessoa
que podem e devem ser desenvolvidas para que abrochem e floresçam.
Para desenvolvê-los é preciso estudar, aprender, aplicar e
voltar a estudar. É assim que as coisas são. Isso é muito mais fácil e sensato do
que insistir naquilo que não está funcionando. O difícil nessa história é
remover o pensamento pedagógico dominante das suas teorias e fantasias. Um
assunto para outra oportunidade.
Eugen, um ponto fraco num determinado momento não pode se tornar um ponto forte em outro momento posterior? Ou ao menos se tornar "menos fraco"?
ResponderExcluirOu vc na verdade se refere a pontos fracos do jeito de cada um ser, da parcela da personalidade q já nasce conosco (e não do campo das habilidades adquiridas)?
Eugen, sábia a sua matéria, mais também seria importante comentar que muitas vezes não é nem o aluno que não consegue aprender esta ou aquela matéria, por falta de aptidão ou capacidade, mais sim, pela maneira inadequada em que o professor esta apresentando o conhecimento ao aluno, muitas vezes a metodologia e os métodos adotados é o principal fator que leva o aluno ao fracasso.
ResponderExcluirCertamente, o procedimento do educador concernente ao conteúdo exposto, repercute de forma preponderante na aquisição cognitiva por parte do educando.O discente necessita interessar-se,todavia, o docente deve procurar meios para instigar o foco do aluno referente ao componente curricular ministrado,e, respectivamente ao assunto a ser aplicado.
ResponderExcluirCreio que a Francisca e o Samuel tocaram num ponto que todos concordamos: o preparo e método dos professores. Há muita coisa a ser revista.
ResponderExcluirEugen
ResponderExcluirConcordo com a Frâncica e acrescento: Em conversa com um diretor de um curso técnico fia a seguinte pergunta.
De uma classe de 60 alunos quantos estudam e quantos pagam o curso de quem realmente quer estudar e a resposta me chocou, ele disse 20% estuda e o resto engana, mas preciso manter os 60 então peço aos professores para não apertar senão muitos sairão e o curso passa a dar prejuízo.
Tenho uma experiência de duas faculdades que conheço e uma delas inclusive dei uma palestra para alunos do 3o ano e fiquei decepcionado porque 80% do que falei não conheciam a sorte que me preparei e levei muito modelos físicos do que ia falar e passei a mostrar e ai falar de cada um, assim uma meia dúzia resolver participar.
ResponderExcluirSua proposta de melhorar aquilo que a pessoa tem de melhor e minimizar a exigência daquilo que ele desempenha minimamente não me parece formar um homem integro e equilibrado, preparando-o para a vida. É preciso ajudar a pessoa a melhorar como um todo, o que inclui melhorar as áreas de deficiência. Ocorre que o modelo de escola atual não faz nem uma coisa nem outra. A sociedade não valoriza o papel da escola, que sufoca o aluno e rouba-lhe a criatividade. Além disso, as pessoas podem sobreviver - com ma remuneração, é claro - em nossa sociedade, o que faz com que ela não seja indispensável. Dai os índices de evasão e desinteresse observados.
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