quinta-feira, 7 de março de 2013

Quando quem sou vem antes do que fazer

Eugen Pfister

 
Quatro  decisões que marcam a nossa vida  são tomadas apressada e prematuramente, sem uma base objetiva de conhecimento e uma reflexão crítica sobre as consequências futuras. Uma é tatuar-se, a outra é a escolha de um curso superior, a terceira é o casamento e quarta a eleição de uma carreira.

O que quero dizer é que, em alguma medida, corremos o risco de descobrir no meio da jornada que a tatuagem, os estudos, o matrimônio e a carreira nem sempre combinam com a pessoa que de fato somos. São decisões tomadas prematuramente.

Conhecer-se a si mesmo é o mais difícil e decisivo desafio que enfrentamos em nossa existência. É, também, a tarefa mais negligenciada, dado que pensamos no objetivo, ou seja, naquilo que deve ser, antes de pensar em quem sou, o que eu posso ou não fazer, quais são os meus pontos fortes.

Em um sentido metafórico, trata-se de identificar se queremos ser uma raposa ou um porco espinho.*

Uma raposa é elegante, astuta, inteligente e complexa. Ela, por exemplo, tem o hábito de interpretar e filosofar sobre o mundo. Já o porco espinho é simples, desajeitado e não complexo. Só que não é burro. Pelo contrário, organiza o mundo de acordo com a sua teoria básica de sobreviver a um ataque: encolher, proteger-se e ficar uma esfera cheia de espinhos por todos os lados.

Assim pensa e age o porco espinho diante da astúcia da raposa que, dia após dia, o ataca com um novo plano sem sucesso. E aí está a falácia da inteligência da raposa: percebe a complexidade, mas não enxerga as ideias simples sobre as quais as pessoas tomam decisões para agir. A única coisa que o porco espinho faz é transforma-se numa bola com pontas afiadas obrigando a raposa, pela centésima vez, a suspender o ataque e refletir em um novo plano.

O porco espinho... Bom ele sabia o que fazer desde o início para proteger-se. Era um ponto forte que ele instintivamente conhecia, o restante foi apenas aperfeiçoar-se na arte da defesa. Os pontos fortes e fracos estão em nós, cabe a nós usar os fortes e descartar os fracos.

Pense nessas coisas, veja se elas despertam uma paixão, algo que você realmente gosta de fazer e que lhe garanta recursos para viver e faça mais e melhor que os outros. Caso contrário, está na hora de mudar.
 
* O conceito originalmente foi usado por Jim Collins baseado em conto de Isaiah Berlin.

 
Questões

 Quais decisões prematuras você tomou em sua vida e das quais hoje se arrepende?

 Em que áreas a simplicidade do porco espinho pode lhe ser útil?

 

 
 

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