Eugen Pfister
O que quero dizer é que, em alguma medida, corremos o risco
de descobrir no meio da jornada que a tatuagem, os estudos, o matrimônio e a
carreira nem sempre combinam com a pessoa que de fato somos. São decisões
tomadas prematuramente.
Conhecer-se a si mesmo é o mais difícil e decisivo desafio
que enfrentamos em nossa existência. É, também, a tarefa mais negligenciada,
dado que pensamos no objetivo, ou seja, naquilo que deve ser, antes de pensar
em quem sou, o que eu posso ou não fazer, quais são os meus pontos fortes.
Em um sentido metafórico, trata-se de identificar se
queremos ser uma raposa ou um porco espinho.*
Uma raposa é elegante, astuta, inteligente e complexa. Ela,
por exemplo, tem o hábito de interpretar e filosofar sobre o mundo. Já o porco
espinho é simples, desajeitado e não complexo. Só que não é burro. Pelo
contrário, organiza o mundo de acordo com a sua teoria básica de sobreviver a
um ataque: encolher, proteger-se e ficar uma esfera cheia de espinhos por todos
os lados.
Assim pensa e age o porco espinho diante da astúcia da
raposa que, dia após dia, o ataca com um novo plano sem sucesso. E aí está a
falácia da inteligência da raposa: percebe a complexidade, mas não enxerga as
ideias simples sobre as quais as pessoas tomam decisões para agir. A única
coisa que o porco espinho faz é transforma-se numa bola com pontas afiadas
obrigando a raposa, pela centésima vez, a suspender o ataque e refletir em um
novo plano.
O porco espinho... Bom ele sabia o que fazer desde o início
para proteger-se. Era um ponto forte que ele instintivamente conhecia, o
restante foi apenas aperfeiçoar-se na arte da defesa. Os pontos fortes e fracos
estão em nós, cabe a nós usar os fortes e descartar os fracos.
Pense nessas coisas, veja se elas despertam uma paixão, algo
que você realmente gosta de fazer e que lhe garanta recursos para viver e faça
mais e melhor que os outros. Caso contrário, está na hora de mudar.
* O conceito originalmente foi usado por Jim Collins baseado em conto de Isaiah Berlin.
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