quinta-feira, 18 de julho de 2013

A curva do sino

Eugen Pfister


A curva de Gauss ou do Sino é uma metáfora supostamente bem sucedida para explicar porque uns poucos terão muito sucesso e os demais terão menos. É conhecida também como a lei 80/20, ou seja, 20 por cento da sua equipe, recursos ou decisões serão responsáveis por oitenta por cento do sucesso, os restantes contribuirão periférica ou nulamente.
Parece uma visão sensata que, a grosso modo, corresponde ao mundo dos fatos. Vinte por cento da força de vendas, vinte por cento da força de trabalho, vinte por cento das decisões reponde à lei de ferro da estatística.

Portanto, os excepcionais agradecem os elogios, os de desempenho mediano procuram se manter a espera por dias melhores e a rabeira tenta esconder a sua incompetência. Cada um com a sua estratégia. Contudo, há um porém nessa história: a curva do sino expressa uma falácia de origem insanável que é considerar a própria distribuição normal.
Ela simplesmente é o modo em que as coisas sucedem dada uma forma específica de organizar a produção, as vendas e as decisões. Insistir na curva de Gauss é um modo de perpetuá-la. Mudando os sinais podemos avançar bem mais.

Peter Drucker observou que ao mensurar atributos físicos de uma dada população ou situação como altura, sexo, idade e temperatura, estes, de fato,  se distribuem de acordo com a curva do sino. Porém, e ai está a pegadinha, o mesmo não acontece necessariamente com os fatores sociais. Estes seguem outro padrão.
No campo social temos uma oportunidade de fazer com que todos, ou quase todos, tenham um desempenho excepcional. Basta desafiar a visão convencional e determinar uma nova ordem para a delegação de responsabilidades: o que cada um tem de mais forte, de especial, no que cada um pode contribuir para o resultado de forma surpreendente.

É a teoria dos pontos fortes (o que você faz bem) e dos pontos fracos (o que não faz bem  e nunca fará). A ideia é permitir que cada um se concentre nas fortalezas e deixe de lado as fraquezas. Assim, estaremos permitindo que as pessoas comuns façam excepcionalmente bem o que elas podem de fato, sem ter que travar uma luta inglória contra a sua natureza, ou seja, suas debilidades.

 

4 comentários:

  1. Mais uma vez, parabéns e obrigado pelo excelente texto, Eugen!
    Fico a imaginar quanta competência jamais foi descoberta e explorada em pessoas que, submetidas a um modelo Bell convenientemente engessado, foram considerados medíocres. A humanidade deve ter perdido excelentes oportunidades por conta de mais esse "sofisma inquestionável" - até agora.

    ResponderExcluir
  2. Parabéns, Eugen e Robson.
    Excelentes texto e comentário.
    Acima de tudo, um convite à reflexão dirigido a todo e qualquer gestor de pessoas.

    ResponderExcluir
  3. Grato pelo comentário. É bom saber quando acertamos.

    ResponderExcluir