Eugen Pfister
O que Lincoln tinha de especial
como líder e presidente? Várias vezes me fiz essa pergunta e a respondi de
maneiras diferentes. Recentemente li o livro de Doris Kearns Goddein, Lincoln,
Editora Record 2013, que foi também uma das fontes do magnífico filme de Steven
Spielberg a respeito do grande presidente.
O fato é que formei uma visão de
um homem que conseguiu usar os seus talentos naturais na maior parte das suas
realizações. É um marca registrada de pessoas como ele: ser consistentemente
fiel a seus princípios e simples ao agir.
Segundo Peter Drucker existem
três características de um presidente eficaz. A primeira delas é concentrar-se
na sua função principal que é exercer a liderança política e não administrar o governo;
isso seus ministros e a burocracia farão.
Lincoln sabia quando avançar e
sabia quando retroceder em suas posições, mas nunca abriu mão do seu objetivo
final que era libertar a América do regime escravagista. De um lado firmeza de
propósitos, do outro, maleabilidade nos meios.
Para Drucker, a outra
característica é concentrar-se no tema realmente relevante para a nação e
não necessariamente o da sua convicção
ou programa político. Vencer a guerra e aprovar a 13ª emenda que decretaria o
final da escravidão eram os temas dominantes. Durante a guerra civil ele se
manteve fiel a esse propósito. Apesar das suas angústias e receios ele não
desabou sob o peso do negativismo. Mostrou-se um condutor firme e seguro dos
assuntos políticos e militares que lhe competiam.
Viajava ao encontro das tropas,
conversava com generais e soldados e juntava as vozes do front de batalha com
os relatos impessoais dos militares e ministros de Estado. Buscava as múltiplas
informações em diferentes fontes e situações.
A sua relação com o General
Ulysses S. Grant expunha a sua admiração nos pontos fortes de seus auxiliares.
Grant era um estrategista notável que reunia um grande número de vitórias,
contudo, criticado em Washington por suas notáveis bebedeiras. Lincoln
simplesmente pediu que lhe dissessem qual era a marca do Bourbon preferido por
Grant e ele lhe enviaria algumas garrafas. Afinal, um gerente eficaz sabe que
todos têm seus pontos fracos, mas age no sentido de incentivar os pontos
fortes.
A terceira e última
característica é possuir uma visão ampla de seu próprio cargo e do povo a ponto
de não ter que “vender” nada – afirma
Drucker.
Lincoln tinha o dom de juntar
adversários e antigos inimigos em seu time. Escutava a todos, ponderava e ai
tomava decisões que lhe pareciam as melhores para as circunstâncias. Nesses
momentos, ele era incisivo e definitivo.
Também aprendeu a evitar amigos
como conselheiros, pois estes normalmente agiam autoritariamente em nome do
presidente. E só voltou atrás quando aprendeu a tratá-los com distanciamento
emocional. Eram seus subordinados e não amigos.
Enfim, são essas, dentre outras,
as qualidades que o tornaram um bom presidente. Um homem que mudou o clima
moral e intelectual da nação pagando o preço com sua própria vida.
A convicção de seus valores foi o “combustível” para as suas conquista.
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